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102 anos do Theatro Municipal de São Paulo

Hoje, a frota de automóveis da cidade de São Paulo já está sendo contabilizada em mais de 7 milhões de veículos. Em 1911, quando o Theatro Municipal de São Paulo foi inaugurado, havia somente 300 automóveis rodando na cidade. Desses, 100 entupiram as ruas Xavier de Toledo e Conselheiro Crispiniano. A elite elegante da capital inaugurava a modernidade paulistana pelo caos.

O Theatro Municipal passou pela minha vida em diversas ocasiões. Lembro quando, na década de 1980, minha mãe trabalhava em uma das empresas de engenharia responsáveis pela reforma e restauro do Municipal, e eu ganhei um visita monitorada por um dos mestres de obras. Depois, já na faculdade de arquitetura, um professor nos levou até o domo para nos dar uma aula a respeito de acústica. Posteriormente, como frequentador do lugar, assisti a diversas peças brilhantes e, para mim, até hoje inesquecíveis, como a recriação, pelo Ballet do L’Ópera de Paris, dos Ballets Russes de Dighaliev.

Por falar nos russos, a poetisa soviética Olga Berggolts tem uma estrofe que me faz recordar o teatro e suas histórias: “Saiba quem escuta estas pedras: ninguém, nem nada, será esquecido”. Se depender dos jornalistas Edison Veiga e Vitor Hugo Brandalise, certamente que não.

Ontem, 11 de setembro, foi lançada pela Ed. Senac a obra desses dois jovens: “O Theatro Municipal: histórias surpreendentes e casos insólitos”. Quem gosta de livro cheio de fotos coloridas para deixar em cima de algum móvel, um conselho: afaste-se. A obra não tem fotos, tem vidas.

Vida e história é o que não faltam nas narrativas rápidas e com expertise jornalística, que eu devorei em uma noite. Depois da leitura, é impossível não imaginar o que as elegantes senhoras em seus vestidos de gala e os vetustos senhores de fraque, na inauguração de 1911, pensariam ao verem, oitenta anos depois, adentrar no palco do Teatro uma modelo nua para entregar um prêmio. Essas e outras histórias, como o neto de um dos empreiteiros que se ofereceu para restaurar de graça o teatro, estão nessa obra de uma sensibilidade ímpar. O livro de Veiga e Brandalise, muito mais que relatos diversos a respeito de histórias curiosas e encantadoras do Municipal, é um resgate da memória emocional do paulista, cuja história passa pela centenária casa de espetáculos.

capateatro

O Theatro Municipal de São Paulo
Histórias surpreendentes e casos insólitos
Edison Veiga
Vitor Hugo Brandalise
Ed. Senac
2013
R$ 44,90

Titília e o Demonão na Caminhada Noturna, no centro de São Paulo

A tradicional caminhada noturna que sai todas as quintas-feiras das escadarias do teatro municipal, as 20hs, terá dois dias do mês de abril dedicados a marquesa de Santos, comigo, Paulo Rezzutti, como convidado.

No dia 12 de abril vamos conhecer a São Paulo que viu Domitila nascer e conhecer d. Pedro I (1797-1822). Passearemos pelos locais onde ela morou, onde se casou com Felício, o primeiro marido e onde ele a esfaqueou. Vamos passear também no local por onde d. Pedro entrou na cidade às vésperas da independência e onde ficava o teatro da Ópera em que ele foi aclamado “Rei do Brasil” na noite do 7 de setembro de 1822. O início do relacionamento dos amantes e a ida de Domitila para o Rio de Janeiro.

No dia 19 de abril vocês vão saber sobre o final do relacionamento entre ela e d. Pedro. Conheceremos a famosa residência dela: o Solar da Marquesa de Santos, próximo ao Pátio do Colégio, onde falarei um pouco a respeito das festas que ela dava, a relação dela com a Academia de Direito e com o poeta Álvares de Azevedo.  Conhecerão o  rico fazendeiro e político Rafael Tobias de Aguiar, seu segundo marido e a influência de Domitila na sociedade paulista até a sua morte em 1867.

O passeio é gratuito, para saber mais: http://www.caminhadanoturna.com.br/caminhada.htm