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Banda Lítera de Porto Alegre lança o álbum “Caso Real”, inspirado no conturbado caso de amor entre Dom Pedro I e a Marquesa de Santos

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Em seu segundo disco, a Lítera navega além-mar numa história de amor que transcende os tempos.

Uma série de cartas do Imperador Dom Pedro I, fundador e primeiro soberano do Império do Brasil, para a Marquesa de Santos, a insaciável “Domitila”, as quais, até pouco tempo atrás, eram dadas como desaparecidas são encontradas num obscuro museu nos Estados Unidos. Escritas entre 1823 e 1827, as missivas revelam aspectos da vida sexual e política na corte brasileira. Este é o mote poético e, mais do que isso, o caráter “epistolar” que a Lítera verteu na vibrante coleção de canções que estão presente no álbum Caso Real, o segundo da banda porto-alegrense. O disco sucede Um Pouco de Cada Dia, o primeiro da Lítera, lançado em 2009.

A fonte de inspiração para o novo rebento (disponível em formato virtual no site www.litera.mus.br), que deverá ganhar lançamento físico no início de 2016, foi o livro Titília e o Demonão – Cartas Inéditas de Dom Pedro I à Marquesa de Santos, do escritor Paulo Rezzutti. Com produção do “mago” dos estúdios Marcelo Fruet (Dingo Bells, Pública), as 12 faixas de Caso Real são francamente inspiradas nesse insuspeitado caso de amor. Oito delas – “Mergulho”, “Bercy”, “Domitila”, “Sofá”, “Amantes”, “Mais ainda”, “Miúda” e “Vai passar” –, já conhecidas do público, foram editadas nos EPs A Marquesa (2013) e O Imperador (2014). O álbum traz quatro temas inéditos: “Bem feito”, “Vai me convencer”, “Fico” e “Ouvidor” (saiba mais sobre cada uma das canções no faixa-a-faixa de André Neto – em anexo).

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Musicalmente, as influências da Lítera, impressas neste disco, são tão diversas quanto atuais e, por vezes, extemporâneas – vão, entre outras sonoridades e estilos, de The Clash aos Paralamas do Sucesso, de The Ours a The Killers e de The Cure aos Novos Baianos. Ou seja, passeiam entre o passado e a modernidade do rock e do pop universais com personalidade grande desenvoltura. A arte da capa, que sintetiza o conceito de “amor impossível” retratado nas ideias das canções gravadas em Caso Real, leva a assinatura da ilustradora Isadora Brandelli.
O álbum, conceitua o compositor André Neto, vocalista e também guitarrista da Lítera, é uma obra temática, espécie de Romeu & Julieta [obra de William Shakespeare] brasileiros. Que, da primeira à última faixa, por meio de suas canções conta as conturbadas fases – ora felizes, ora amargas; ora de amor, ora de desamor – do relacionamento entre Dom Pedro e Domitila. Mais do que falar,  questionar ou trazer uma reflexão, ressalta André, a banda quis provocar seus ouvintes tirando-os de sua “zona de conforto dos sentimentos”: “Que tipo de amor é impossível? Ou, ainda, o que, afinal, é um amor impossível?”, deixam no ar.

Capa-Caso-RealO escritor Paulo Rezzutti, responsável por essa descoberta sem paralelos sobre a “historiografia do amor” pátrio, diz que Porto Alegre, graças ao trabalho interpretativo da Lítera, foi a cidade que, artisticamente, melhor reverberou o resgate histórico que, desde 2010, ele vem realizando. Com seu som incrível e letras deliciosas, a Lítera, considera, conseguiu dar um novo ar musical a essa envolvente história passada no Primeiro Reinado. São canções que, observa o autor,  trazem para o contemporâneo as “ridículas delícias da paixão” com todo o colorido de suas dores e sabores. Para Rezutti, um caso de amor é um microcosmo que se repete e repetirá pela eternidade, com altos e baixos, como brincar de gangorra. “Não importa se os amantes são de nosso século, do passado, do retrasado ou do tempo das cavernas, as dúvidas, as aflições e os gozos são os mesmos, e isso a Lítera conseguiu demonstrar com muita competência em seu novo disco”. Um caso, literalmente, de amor. Um  caso real. Em todos os sentidos.

Sobre a Lítera
Site: www.litera.mus.br
Facebook: www.facebook.com/literarock
Instagram: www.instagram.com/literarock
Youtube: https://www.youtube.com/user/literavideos
Soundcloud: www.soundcloud.com/literarock/sets

Videoclipes
“Domitila”: www.youtube.com/watch?v=lpg5KVvVBcw
“Bercy”: www.youtube.com/watch?v=KS1AOviW6f0

Os Segredos da Cripta, ou como uma arqueóloga obstinada, um escritor ansioso, um ex-segurança fortão e a Marquesa de Santos, ajudaram a resgatar o corpo da Imperatriz Amélia.

Creiam-me, o título quixotesco, inspirado nos do escritor e jornalista Laurentino Gomes, não descrevem nem um terço de todas as aventuras passadas dentro da Cripta Imperial!

Dizem que o desespero faz com que tomemos resoluções que racionalmente nem cogitaríamos. Desespero, aflição e, sobretudo, ansiedade foram os motores que me impulsionaram em 30 de junho de 2012 até o Cemitério da Consolação para levar flores ao túmulo da Marquesa de Santos.

Já havia terminado em maio a biografia da Domitila, que queria lançar em setembro durante as comemorações dos 190 anos da Independência. A minha editora, a Geração Editorial, pacientemente – mais do que eu, aliás – aguardava para poder lançá-la. O leitor deve estar perguntando: como assim? Aguardava o quê? E a resposta é: a Amélia.

Às vésperas do carnaval de 2012, eu estava encarregado de realizar uma permuta de publicações entre o Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo e o Museu da Cidade de São Paulo, cuja sede fica no Solar da Marquesa de Santos. Numa tarde, encontrei-me com a ex-diretora do Museu, Regina Pontes, que comentou comigo a respeito de uma arqueóloga que queria realizar um estudo a respeito dos restos mortais de d. Pedro I e das imperatrizes d. Leopoldina e d. Amélia, sepultados na cripta imperial, embaixo do Monumento da Independência, no Ipiranga.

Certa vez, o Maurício Ferreira, diretor do Museu Imperial, me contou um chiste que haviam dito a ele: “Museu é o seguinte: se cobrir, vira circo, se cercar, vira hospício”. Com base nisso, as minhas exclamações eram até justificadas: “Mais uma louca?”, “A família imperial autorizou?”. Calculando as toneladas de papel que seriam necessária para se obter as permissões para uma operação de tamanha magnitude, soube, pela Regina, para meu total espanto, que a “louca” em questão já estava autorizada por todas as instâncias e, para completar, havia montado uma equipe multidisciplinar de fazer inveja. A publicação do fechamento da Cripta para os trabalhos da arqueóloga Valdirene do Carmo Ambiel sairia no Diário Oficial do Município durante o carnaval.

Passado o impacto da notícia, me lembrei de alguns documentos sobre a morte de d. Leopoldina, como extratos de jornais da época de seu falecimento, que a querida amiga Mary Del Priore havia me enviado. Além disso, por uma dessas coincidências do destino, no mesmo dia em que soube da futura exumação, eu havia descoberto os documentos referentes ao traslado do corpo da imperatriz do Rio para São Paulo na década de 1950. Esse material, restrito à consulta, haveria de ser importante para a pesquisadora.

Contei isso tudo para a Regina e perguntei se ela poderia me colocar em contato com a arqueóloga para falarmos sobre o material. Na mesma hora, ela ligou para a Valdirene e fez a ponte. Assim tinha início a maior aventura da minha vida.

Primeiro, foi o convite para participar da exumação de D. Leopoldina, em 27 de fevereiro de 2012. Depois, a ajuda, inclusive envolvendo o Instituto Histórico e Geográfico e membros lusitanos da instituição, para a identificação das medalhas com as quais d. Pedro fora enterrado.

Para quem não tem a mínima ideia de como é a cripta, preciso destacar um detalhe: o projeto original só previa os sepulcros dos soberanos envolvidos no processo da independência, ou seja, d. Pedro e d. Leopoldina. A planta da cripta, em forma de cruz grega, tem, em cada um de seus braços um elemento. A entrada do espaço fica em um, diante da entrada fica o altar, do lado esquerdo o sarcófago de D. Pedro I e diante desse, no braço direito, o sarcófago de D. Leopoldina.

Se era “fácil”, tirando questões como peso e outros fatores, abrir as tumbas dos dois imperadores, ninguém tinha a mais pálida ideia de onde se encontrava o corpo de d. Amélia. A única pista era uma placa de granito gravada na parede que informava o nome dela e seus títulos, um deles errado. Onde haviam enfiado a mulher? Em qualquer ponto civilizado do planeta, haveria uma planta no órgão responsável pelo monumento indicando isso, menos em São Paulo…

Um serviço de georradar contratado realizou a varredura da parede onde estava a inscrição e verificou anomalias abaixo dessa pedra. A prefeitura impôs uma condição para que a placa pudesse ser quebrada: uma nova laje de granito verde (Ubatuba) deveria ser levada ao local para que técnicos do Departamento de Patrimônio Histórico a examinassem; se estivesse condizente com as especificações, podia-se descer o martelo, e a imperatriz emparedada finalmente veria a luz. Mas… sempre existe um mas… o custo total de R$ 3.000,00 para a compra e instalação dessa pedra foi a parte, digamos, mais fácil, apesar do susto do valor, que foi rateado em três cotas.

Aí começou a parte do circo e hospício. Chegaram as técnicas do DPH responsáveis pelo monumento para verificarem se a pedra comprada era semelhante à que seria destruída durante a busca por D. Amélia. Primeiro criticaram que não era totalmente igual (Olá? Dona… err… então, a natureza não cria duas pedras idênticas…), depois vieram com um discurso de que, quando o espaço museológico acima da cripta foi criado, “uma certa caixa ficou rodando por lá”, causando temor aos operários, que imaginavam que o receptáculo contivesse os restos mortais de alguém. Depois de mandarem os trabalhadores “rezarem um pai-nosso”, foi ordenado que a caixa fosse concretada no piso superior. Informação bastante válida, se a pedra de R$ 3.000 já não houvesse sido adquirida e devidamente esnobada por “não ser igual à outra”…

Valdirene resolveu literalmente pagar para ver: mandou quebrar o granito onde o georradar apontou as anomalias e encontrou: TERRA… Nada mais que terra… O georradar foi novamente utilizado, agora no local onde as técnicas do DPH informavam ter concretado alguma coisa que não tinham ideia do que seria. Apareceram duas anomalias. Uma delas realmente apontava para uma caixa de concreto medindo 70×70. Estaria ali d. Amélia?!?!

Mas havia algo errado nessa história toda. Em uma visita a Petrópolis, em junho, fiquei sabendo pelo Maurício Ferreira, história confirmada pela Neibe Machado, do arquivo histórico, que o antigo diretor da instituição, Lourenço Luiz Lacombe, esteve presente na exumação e no traslado da imperatriz d. Amélia na década de 1980 e relatou que o corpo dela se encontrava em perfeito estado de conservação, fato registrado em uma ata do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Como um corpo em perfeito estado havia sido acondicionado dentro de uma caixa de 70×70 cm? Esquartejaram a ex-imperatriz? Cremaram o corpo à revelia da família imperial? Dúvidas e mais dúvidas saltavam a cada informação desencontrada.

Nova consulta ao DPH, quebra, não quebra? As técnicas que haviam ido inicialmente à cripta, a essa altura, desapareceram. Uma teria ficado doente, segundo informações dadas, e a outra foi cuidar da uma. Quebra, não quebra? Consegue autorização ou não? Parecia que só as duas poderiam falar sobre o assunto, não se conseguia outro técnico, e minha ansiedade em modo 5… Nada de eu poder lançar a biografia da Domitila, que já dormitava havia quase três meses. Por conta de o trabalho da Valdirene estar correndo sob sigilo acadêmico, eu não podia falar a respeito da exumação de d. Leopoldina e das descobertas feitas antes que a arqueóloga defendesse o seu mestrado. Com isso, a biografia da Marquesa estava inexoravelmente amarrada a d. Amélia. Maldosamente, comecei a imaginar que a imperatriz continuava prejudicando a vida da Domitila 183 anos depois da expulsão da amante de d. Pedro da corte…

Meus nervos finalmente cederam, e eu resolvi apelar a todos os anjos e santos, e por que não à própria Marquesa de Santos? No seu túmulo, há placa agradecendo graças alcançadas, e, para o estabelecimento do mito da Marquesa, eu pesquisara e entrevistara pessoas que diziam ter conseguido milagres depois de apelarem à ex-amante do imperador. Mandando às favas qualquer escrúpulo, pensei que tinha uma barganha para fazer com a Marquesa. Se, por um lado, d. Amélia foi o fator principal de sua expulsão da corte e consequente exílio paulista, foi a mesma imperatriz quem criou a Duquesa de Goiás, filha de Domitila com d. Pedro, como se fosse sua própria filha e a fez se casar muito bem na alta nobreza alemã. Quem sabe a Marquesa de Todos os Santos e Demônios não se sentiria tocada com o arrazoado de seu biógrafo junto ao seu túmulo? Achei que deveria levar lírios brancos. Mas, obra do destino, parecia que lírios não haviam acordado para trabalhar no dia 30 de junho em São Paulo! Após a terceira parada, os achei, de cor laranja! Enfim, teriam de servir.

Cemitério da Consolação, lírios e orações feitas, volto para casa, recado na secretária eletrônica: era o Carlos Beutel, da Caminhada Noturna, me chamando para participar da caminhada do dia 12 de julho para falar sobre quem? Obviamente sobre a Marquesa de Santos. Convite aceito, nesse meio tempo, a Valdirene, ainda enfrentando mais uma semana de quebra-não-quebra, conseguiu o contato com Emanuel von Lauenstein Massarani, um dos responsáveis pelo traslado de d. Amélia de Portugal para o Brasil.

Conversando com o Massarani, Valdirene soube que o buraco aberto e a laje de granito quebrada podiam não ter sido em vão. Se a escavação avançasse mais para cima, haveria de se chegar aonde estaria o caixão. Acreditar no Massarani seria pôr em dúvida todas as informações prestadas pelo DPH até então, mas, na altura do campeonato, não havia por que não arriscar. Decidida, como sempre, Valdirene cavou e realmente encontrou algo que parecia ser uma laje de concreto, bem acima do buraco aberto na terra. Nesse meio tempo, o Carlos Beutel havia me ligado dizendo que o outro palestrante precisava trocar o dia, se eu me incomodava de transferir o passeio em que falaria sobre Domitila para o dia 19. Coincidência ou não, nesse dia, bem cedo, por volta das 7 da manhã, cheguei ao monumento do Ipiranga. Encontrei a Valdirene do lado de fora, e entramos junto com outros funcionários de uma empresa que a auxiliava. Começou a escavação e a remoção de mais terra. Realmente, era uma laje, e algumas paredes já se tornavam visíveis. Por volta das 11h, foi rompido um pedaço pequeno do concreto, de tamanho suficiente para uma microcâmera passar pelo buraco aberto.

A emoção tomou conta de todos os presentes ao vermos os primeiros detalhes do caixão de madeira no monitor da câmera digital que nos revelava o que havia por detrás do concreto. Nunca vou me esquecer da reação da Valdirene: “Nós achamos a Amélia”. Era ela a mestranda, foi ela que nunca desistiu de achar o caixão perdido. O caráter das pessoas se mede em momentos de grande emoção como esses, e ela, com aquela frase, deu prova de sua generosidade ao inserir todos os que estavam naquela cripta como agentes da sua descoberta.

O caixão, pelo que as imagens revelavam, estava intacto. Estávamos, dentro do buraco, embaixo do túmulo que havia sido feito para a ex-imperatriz.

O meu tempo já estava ficando curto, ainda tinha trabalho a fazer antes de me unir à Caminhada Noturna às 20h, em frente ao Teatro Municipal. Me despedi de todos e fui cuidar da vida, da melhor maneira que podia, afinal, não me saía da mente a “coincidência” de ter pedido “ajuda” para a Domitila para achar d. Amélia e, no dia em que ela foi achada, ter que palestrar sobre a Marquesa. E que palestra! Como foi duro me segurar durante mais de duas horas para não falar sobre o que eu havia vivenciado naquela manhã. E como e quanto falei! Por alguma razão, a caminhada descontrolou-se: ao invés de terminar às 22h, nesse horário estávamos ainda diante do Mosteiro de São Bento, em silêncio, ouvindo a música de seu maravilhoso carrilhão marcar a hora cheia. O passeio se estendeu por mais 45 minutos, e eu não me importando nem um pouco em falar sobre a Titília, ainda mais naquele dia tão especial e que entraria para a história.

Achado o sepulcro, o caixão precisava ser retirado do local para proceder à identificação do cadáver e aos demais exames da Valdirene e equipe. Achei que a empresa de restauro que estava assessorando a arqueóloga iria enviar um técnico para coordenar os trabalhos, o que não ocorreu, e, numa ligação em pleno domingo, fui intimado pela Valdirene, devido a minha formação em arquitetura, para comparecer à cripta às 7 horas da manhã de 23 de julho, segunda-feira.

Figura 1 Eu escorando o caixão, Célio próximo do caixão e Valter Muniz escorando a rampa por onde o caixão vinha deslizando.

Figura 1 Eu escorando o caixão, Célio próximo do caixão e Valter Muniz escorando a rampa por onde o caixão vinha deslizando.

            Figura 2 Momento em que colocamos o caixão da Imperatriz Amélia nos cavaletes armados diante do altar

Figura 2 Momento em que colocamos o caixão da Imperatriz Amélia nos cavaletes armados diante do altar

Os trabalhos se iniciaram realmente cedo. Um ajudante de obras, Célio Jr., se destacava. Bastante disposto e concentrado no trabalho que fazia e no que eu dizia, foi tirando lentamente as fileiras de blocos, rompendo a laje de concreto, sustentando o caixão com uma coluna de madeira, para que ele não despencasse na cabeça de ninguém. O trabalho foi lento, mas preciso. Não se devia quebrar nem de mais, nem de menos, tudo na medida certa, com calma, para não ocorrerem imprevistos e desabamentos. Somente após as 18h, já com boa parte do piso e das paredes da sepultura quebrados, demos início à retirada do caixão. Como aquilo pesava! Várias vezes, o hercúleo Célio foi obrigado a entrar novamente no buraco e erguer o ataúde nos ombros enquanto nós acertávamos a inclinação da tábua que o faria deslizar para fora. Houve momentos em que ficou evidente para todos que lá estavam que, se não fosse pela força de vontade desse funcionário e sua dedicação, d. Amélia sofreria muito mais para sair de dentro da parede. Finalmente, por volta das 20h, o caixão já estava do lado de fora, em cima de um cavalete, diante do altar e entre os túmulos de d. Pedro e d. Leopoldina. D. Amélia comemoraria seu aniversário de 200 anos, em 31 de julho, livre do emparedamento.

Óbvio que saímos de lá e fomos comemorar em uma padaria próxima ao monumento. Conversa vai, conversa vem, o Célio começou a falar espontaneamente da Domitila. Puxei-o pela língua, e a história toda fluiu. Ele contou que trabalhara em uma empresa de segurança (se alguém visse o tamanho dele, entenderia o porquê) que prestava serviço para a Prefeitura e estava lotado inicialmente no Solar da Marquesa de Santos. Começou a nos relatar sobre as coisas estranhas que lá ocorriam e do respeito que sentia pela ex-amante de d. Pedro, chegando até a dar bom dia para a grande dama quando o sol começava a raiar e seu turno chegava ao fim. Mas a cereja do bolo realmente foi a história que ele nos contou sobre uma estranha foto em que um vulto feminino – que alguém disse ser a Marquesa – apareceu do nada, refletido no vidro que protege um altar na exposição que acontece no Solar. Essa história não havia se espalhado, somente gente da administração e alguns funcionários do Solar sabiam dela, e eu a conhecia pois me repassaram a imagem. Pois bem, naquele exato momento, descobri que estava diante do autor da foto.

Devido à mudança de escala, ele foi enviado para fazer a segurança do monumento. Acabou se interessando e ajudando a Valdirene no início, até que soube que a empresa em que trabalhava não prestaria mais serviço à Prefeitura e conseguiu uma colocação na empresa de restauro que assessorava a arqueóloga.

Saí do convescote abismado. Não é que a Titília era boa mesmo? Não só a d. Amélia apareceu, mas ainda a Marquesa enviou ajuda para tirar a ex-imperatriz da parede!

Bem, a Valdirene, que eu achei que fosse louca no início desta história, devido a sua persistência e determinação inquebrantável, deu a São Paulo sua primeira múmia. A imperatriz d. Amélia foi tão bem embalsamada que está completamente intacta, inclusive com os órgãos internos preservados.

O que seria do mundo e da história sem os loucos? Fora que eles são muito mais divertidos e interessantes que os ditos “sãos”.

Agora, na cripta, só existe mais um segredo: o que será que concretaram no piso do espaço museológico? Alguns dos loucos acham que é uma marmita velha, outros, que se tratava da “pedra fundamental” do Monumento à Independência lançado no início dos anos 1920 e que bem poderia estar onde disseram que acharam a caixa… Seja lá o que for, acho que dessa vez nem com todos os lírios do mundo a Domitila vai ajudar a descobrir o que está lá.

Planta indicando a localização em que estava a Imperatriz Amélia

Planta indicando a localização em que estava a Imperatriz Amélia

Elevação 3d indicando a caixa de concreto onde se encontrava o ataúde de D. Amélia

Elevação 3d indicando a caixa de concreto onde se encontrava o ataúde de D. Amélia

Túnel da Mantiqueira

Quem gosta de história de São Paulo, sobretudo ferroviária ou a respeito da Revolução de 1932, já deve ter topado com o famoso Túnel da Mantiqueira.

Construído pela The Minas and Rio Railway em 1882, o túnel possui quase 1 km de extensão e liga as cidades de Cruzeiro e Passa Quatro.

Foi cenário importante durante a Revolução de 1932 pois tornou-se palco da principal batalha travada entre as tropas paulistas e as tropas leais a ditador Getúlio Vargas. Nesse local, fora e dentro do túnel, cerca de 250 paulistas perderam a vida ao defender o terreno do avanço das tropas federais.  Durante dois meses, de 10 de julho de 1930 até 12 de setembro os paulistas conseguiram manter o túnel, porém, com o avanço mineiro em outras linhas de batalha, os francos dos que guardavam o túnel acabaram desprotegidos e os paulistas acabaram por abandonar a posição.

Na foto abaixo, D. Pedro I, a Imperatriz Tereza Cristina, a Princesa Isabel, seu marido o Conde D´Eu, posam junto com operários, empresários e ministros na boca do Túnel da Mantiqueira em fins de 1882.

Grupo tirado na entrada do túnel da Mantiqueira, lado paulista, quando ainda estava em construção. No primeiro plano, da esquerda para direita: d. Pedro II, d. Augusto Leopoldo, d. Teresa Cristina, conde d' Eu, princesa Isabel, d. Pedro Augusto e Luís Pedreira do Couto Ferraz, visconde do Bom Retiro. Atrás da imperatriz, no último plano, ministro da Guerra Afonso Augusto Moreira Pena, usando bigodes e chapéu. Vê-se ainda Joaquim Delfino Ribeiro da Luz, senador; Jesuíno Lamego Costa, barão de Laguna; Manuel Alves de Araújo, ministro da Agricultura; Afonso Celso de Assis Figueiredo, visconde de Ouro Preto; Christiano Benedito Otoni, senador e construtor da Estrada de Ferro D. Pedro II; Josefina da Fonseca Costa, baronesa da Fonseca Costa; Herbert Edgell Hunt, empreiteiro representante da Waring Irmãos; engenheiros Burnier e Alvim; engenheiro fiscal Francisco Miranda de Azevedo e o seu irmão, médico da Companhia Estrada de Ferro D. Pedro II; deputado geral Olímpio Oscar de Vilhena Valadão; engenheiro Ferreira Pena; Parreiras Horta (do Ministério da Agricultura) e major Manuel de Freitas Novais. [Marc Ferrez]. 25 de junho de 1882. Colódio?, 50 x 40,7 cm. Coleção Museu Imperial (III-1-1-Nº 1)

Grupo tirado na entrada do túnel da Mantiqueira, lado paulista, quando ainda estava em construção. No primeiro plano, da esquerda para direita: d. Pedro II, d. Augusto Leopoldo, d. Teresa Cristina, conde d’ Eu, princesa Isabel, d. Pedro Augusto e Luís Pedreira do Couto Ferraz, visconde do Bom Retiro. Atrás da imperatriz, no último plano, ministro da Guerra Afonso Augusto Moreira Pena, usando bigodes e chapéu. Vê-se ainda Joaquim Delfino Ribeiro da Luz, senador; Jesuíno Lamego Costa, barão de Laguna; Manuel Alves de Araújo, ministro da Agricultura; Afonso Celso de Assis Figueiredo, visconde de Ouro Preto; Christiano Benedito Otoni, senador e construtor da Estrada de Ferro D. Pedro II; Josefina da Fonseca Costa, baronesa da Fonseca Costa; Herbert Edgell Hunt, empreiteiro representante da Waring Irmãos; engenheiros Burnier e Alvim; engenheiro fiscal Francisco Miranda de Azevedo e o seu irmão, médico da Companhia Estrada de Ferro D. Pedro II; deputado geral Olímpio Oscar de Vilhena Valadão; engenheiro Ferreira Pena; Parreiras Horta (do Ministério da Agricultura) e major Manuel de Freitas Novais.
[Marc Ferrez]. 25 de junho de 1882. Colódio?, 50 x 40,7 cm.
Coleção Museu Imperial (III-1-1-Nº 1)

A antiga São Paulo da Marquesa de Santos

Dia 12 de outubro, sábado – aniversário de D. Pedro I -, estarei com a equipe do São Paulo Antiga fazendo o passeio “A antiga São Paulo da Marquesa de Santos”. Vagas limitadas. O cadastro para participar é feito em http://www.saopauloantiga.com.br/turismo/

Exibição do filme Independência ou morte + mesa redonda

A II Edição da “Sessão Pipoca” patrocinada pela São Paulo Antiga e pelo Museu dos Salesianos apresentará no dia 7 de setembro as 15h o filme “Independência ou Morte” no Teatro Grande Otelo em São Paulo. Após o filme haverá uma mesa redonda com a historiadora Viviane Tessitore, especialista na vida de D. Leopoldina, Cláudia Witte, biógrafa da Imperatriz D. Amélia, e Paulo Rezzutti, biógrafo da Marquesa de Santos.

Domitila, a verdadeira história da Marquesa de Santos

Meu novo livro acabou de sair da gráfica! Em breve nas melhores livrarias. Já em pré-venda na Livraria Saraiva, Livraria da Folha, Livraria Cultura, entre outras.

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Os 215 anos da Marquesa de Santos

Há exatos 215 anos, nascia Domitila de Castro do Canto e Melo, a famosa Marquesa de Santos. Era a sétima filha do tenente-coronel João de Castro do Canto e Melo, militar de distinta família açoriana, e de Escolástica Bonifácia de Oliveira Toledo Ribas, cuja descendência ligava Domitila aos primeiros povoadores paulistas e a um irmão de Pedro Álvares Cabral.

Quadro de Domitila no Museu Paulista/USP

Quadro de Domitila no Museu Paulista/USP

Apesar do seu famoso caso com o imperador d. Pedro I, sua mudança para o Rio de Janeiro e suas visitas ao interior, onde possuía diversas fazendas, a maior parte de sua existência transcorreu praticamente dentro do que conhecemos hoje como o Centro Velho, ou Antigo, da cidade de São Paulo.

Na época do nascimento de Domitila, São Paulo modorrava pacificamente no alto da Serra do Mar. A antiga vila que abrigara a “raça de gigantes”, os bandeirantes, havia se transformado em uma cidade caipira que sobrevivia em grande parte à custa dos impostos dos gêneros que transitavam pelo seu entroncamento em sentido a Rio, Santos, Minas e sul do Brasil. O dinheiro e a prosperidade que viria com o “ouro verde”, o café, estavam ainda distantes.

A cidade na época, aliás, o que era considerado a parte urbana de São Paulo, confinado entre os rios Tamanduateí e Anhangabaú, tinha pouco mais de cinco mil habitantes.

São Paulo, nessa ocasião, além de trilhas, travessas e becos, contava com poucas ruas mal calçadas por pedras brutas, como Direita, São Bento, Carmo, Quitanda, Cadeia, das Casinhas, Boa Vista, São Gonçalo, Pelourinho, Rosário e da Freira. O calçamento bruto acabou adestrando a mulher paulista a um andar faceiro, registrado pelos viajantes. Na verdade, o passo leve e seguro era para evitar que torcessem os delicados tornozelos nas pedras…

Foi nesse cenário que Domitila viveu até se casar, em 13 de janeiro de 1812, duas semanas após completar 15 anos, com o alferes mineiro Felício Pinto Coelho de Mendonça. Felício era membro de uma família de ricos proprietários de lavras de ouro em Vila Rica, para onde se mudou com a esposa. Domitila viveu em Minas até que o marido violento, dado a jogos e bebedeiras, começasse a espancá-la. Então retornou para a casa paterna.

Após uma malfadada tentativa de reconciliação, Felício esfaqueou Domitila na bica de Santa Luzia, próximo do local onde hoje se ergue a capela de Santa Luzia e do Menino Jesus de Praga, na Rua Tabatinguera.

Fotografia de Domitila já idosa feita por Militão Augusto de Azevedo

Fotografia de Domitila já idosa feita por Militão Augusto de Azevedo

Dois meses Domitila passou entre a vida e a morte, sem poder sair da cama, enquanto o marido, preso, era enviado à sede de seu regimento em Santos. Dava-se aí o início da briga pela guarda dos filhos que só seria resolvida com a separação do casal em maio de 1824, já com ela como amante de d. Pedro I e morando no Rio de Janeiro.

Durante sete anos, de 1822 a 1829, viveria o maior e mais longo escândalo sexual do Brasil. Amante de d. Pedro I, este a fará Dama Camarista da Imperatriz, cargo que a colocava acima das demais damas do paço e na escala dos semanários, ou seja, ao menos uma vez por mês moraria junto com os imperadores.

D. Pedro, jovem e no auge do poder, pouco fez para esconder o caso, o que lhe dificultaria muito na Europa a busca de uma nova esposa após a morte de d. Leopoldina, em dezembro de 1826. Jornais na Europa chegariam até a culpar d. Pedro e Domitila da morte da imperatriz. O nome da Marquesa de Santos foi constante nos relatórios dos diplomatas estrangeiros no Rio de Janeiro. Sua proximidade com o imperador atraía para si desde comerciantes estrangeiros querendo a liberação de uma carga no porto até o enviado de Sua Majestade Britânica, Sir Charles Stuart, encarregado das negociações do reconhecimento da independência do Brasil com Portugal.

Após quase um ano de negociações, finalmente surgiu uma noiva, a princesa Amélia de Leuchtenberg, neta do rei da Baviera e da ex-imperatriz dos franceses, Josefina, esposa de Napoleão. Ela aceitou a proposta de d. Pedro, e assim Domitila foi substituída na cama e no coração do monarca por uma garota de 17 anos, que podia ser filha da Marquesa.

Com a perspectiva do novo casamento, d. Pedro cassou sua titulação de Dama Camarista e expulsou-a, juntamente com sua família, do Rio de Janeiro. Inicialmente pretendeu exilá-la na Europa, mas por fim permitiu que se mudasse novamente para São Paulo.

Eis novamente Domitila de volta à sua cidade natal. Como tudo deve ter parecido pequeno, feio, acanhado. No Rio de Janeiro, recebia ministros estrangeiros e suas esposas, vestia-se nas melhores modistas francesas da Rua do Ouvidor, via de perto a iluminação pública do Rio de Janeiro, que aqui só apareceria anos depois de seu retorno. Também no Rio tomara gosto pelas comédias francesas que se habituara assistir no Imperial Teatro São Pedro de Alcântara, onde atualmente se ergue o Teatro João Caetano, no centro. Aqui em São Paulo o teatro onde vira a aclamação de d. Pedro em 7 de setembro de 1822 lhe pareceria agora terrivelmente pobre.

Túmulo da Marquesa de Santos no Cemitério da Consolação, São Paulo

Túmulo da Marquesa de Santos no Cemitério da Consolação, São Paulo

Mas era São Paulo que ela tinha e daqui não a podiam expulsar; parte da diversão mais rica, ela própria resolveu prover. Não existia ninguém na cidade que se atrevia a concorrer com ela nos festejos do 7 de setembro e do 11 de agosto, dia da criação dos cursos jurídicos no Brasil. Seria uma segunda mãe dos estudantes de Direito da Academia instalada no antigo convento franciscano, cuidaria dos doentes e os receberia em seus saraus, como bem provam as cartas do jovem Álvares de Azevedo para sua mãe no Rio.

De 1830 até o final de sua vida, em 1867, casaria novamente – dessa vez com o brigadeiro Tobias de Aguiar, duas vezes presidente da Província de São Paulo –, teria diversos filhos, gerenciaria seus escravos, que alugava para a realização de melhoramentos da cidade, cuidaria de suas fazendas, de seus parentes e de seu marido, chegando até a ser presa junto com ele por conta da Revolução Liberal.

Uma face de Domitila pouco estudada é a sua benemerência. Ao longo da vida, tanto no Rio de Janeiro, como, principalmente, em São Paulo, dedicou-se a diversas causas, desde ajudar financeiramente o governo durante a Guerra da Cisplatina até emprestar uma de suas fazendas para servir de abrigo aos soldados que partiam para a Guerra do Paraguai, presenteados por ela com dinheiro antes de irem para a frente. Ela também chegou a abrir enfermarias para os pobres, ajudou financeiramente a Santa Casa de Misericórdia a conseguir sua primeira sede própria e doou dinheiro para a construção da primeira capela do cemitério da Consolação, próximo da qual ainda hoje se encontra enterrada.

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Picnic Vitoriano, uma volta ao passado.

Jogue a primeira pedra aquele que gosta de história e nunca se imaginou vivendo em outro tempo! Se a viagem para outros períodos ainda se encontra no campo da ficção científica, o Picnic Vitoriano permite se aproximar um pouco dessa experiência.

Fundado pelo escritor Rommel Werneck em 31 de julho de 2010, o evento é inspirado no grupo Picnic Vitoriano de Curitiba e nos eventos da fotógrafa belga Viona Ielegems. Recriando trajes, costumes e hábitos não só da Era Vitoriana, mas de um amplo espectro que vai do início da Idade Média até o final da Primeira Guerra Mundial, o grupo promoveu eventos como o Passeio Fotográfico no Parque da Independência e Chá das Cinco na casa de pães Maria Louca, em novembro de 2011, o Passeio Fotográfico na Estação da Luz durante a madrugada da Virada Cultural, em maio de 2012, e o II Picnic Vitoriano de São Paulo, em julho de 2012.

Os eventos, além do revivalismo artístico dos trajes, contam com exibição de esgrima renascentista, organizado pelo grupo Frater Pendragon, leitura de poesias, música erudita, além de ilusionismo, brincadeiras e jogos.

Esse clima de época poderá ser visto e vivenciado em 16 de setembro, durante as comemorações do aniversário do bairro do Ipiranga, quando o Picnic Vitoriano participará do desfile cívico organizado pela Associação Comercial de São Paulo, procurando reconstituir personagens e trajes do Primeiro Reinado em alusão aos 190 anos da Independência do Brasil.

Os interessados em participar devem enviar um e-mail para picnic_sp@yahoo.com.br.

Para mais informações sobre a customização de trajes e fotos dos eventos anteriores: www.picnicvitoriano.blogspot.com.

Auto da Independência, em comemoração aos 190 anos da Independência do Brasil.

No dia 02 de setembro (domingo), a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) promove, no Parque da Independência, em São Paulo, o evento Auto da Independência, em comemoração aos 190 anos da Independência do Brasil.
Trata-se da primeira encenação teatral da Proclamação da Independência, ato em que D. Pedro I anunciou às margens do riacho do Ipiranga. As cenas históricas do último ato serão interpretadas pelos atores Murilo Rosa (D. Pedro I), Deborah Secco (Maria Leopoldina) e Renato Borghi (José Bonifácio Andrada e Silva). A direção é de Nelson Baskerville (Prêmio Shell 2012 como melhor diretor).
Com mais de 250 profissionais envolvidos, a festa de 190 anos da Proclamação da Independência terá ainda, ao longo do dia, apresentações de danças da época e músicas eruditas em vários locais do Parque da Independência.
                                   PROGRAMAÇÃO                                          
11:30 – Minueto – Coregraphie o arte para saber danzar todas as sortes de danzas (Esplanada do Museu)
11:45 – ATO I – Cortes Portuguesas (Esplanada do Museu)
12:00 – Ópera-Domitila (Esplanada do Museu-Coreto Leste Praça das Bandeiras)         
12:15 – ATO II – Maria Leopoldina (Coreto Leste Praça das Bandeiras)  
12:30 – Música da Independência-por Rosana Lanzelotte no pianoforte (Coreto Oeste Praça das Bandeiras)
12:45 – ATO IIIJosé Bonifácio (Coreto Oeste Praça das Bandeiras)
13:00 – Lundu (Praça das Bandeiras)    
13:15 – ATO I (Cortes Portuguesas-Esplanada do Museu)           
13:30 – Minueto – Coregraphie o arte para saber danzar todas as sortes de danzas (Esplanada do Museu)
13:45 – ATO II – Maria Leopoldina (Coreto Leste Praça das Bandeiras)
14:00 – Música da Independência – por Rosana Lanzelotte no pianoforte (Coreto Oeste Praça das Bandeiras)
14:15 – ATO IIIJosé Bonifácio (Coreto Oeste Praça das Bandeiras)
14:30 – Lundu – (Praça das Bandeiras)
14:45 – ATO ICortes Portuguesas(Esplanada do Museu)     
15:00 – Minueto – Coregraphie o arte para saber danzar todas as sortes de danzas (Esplanada do Museu)
15:15 – Ópera-Domitila(Esplanada do Museu)            
15:30 – ATO II – Maria Leopoldina-Coreto Leste Praça das Bandeiras
15:45 – Música da Independência – por Rosana Lanzelotte no piano forte
16:00 – ATO IIIJosé Bonifácio(Coreto Oeste Praça das Bandeiras)
16:15 – Lundu(Praça das Bandeiras)
16:30 – Cortejo da independência (Alameda Principal)
17:00 – Ato Final – Auto da Independência (Monumento à Independência do Brasil) – com a participação de Murilo Rosa, Deborah Secco e Renato Borghi